Associação REVOAR: para além de um simples trabalho de restauração

A ReVoar é uma Associação criada em novembro de 2021, por um grupo de  pessoas apaixonadas por aviação que se sentiam inconformadas com o abandono de aeronaves históricas de grande relevância para a atividade aeronáutica. Possui um objetivo nobre, ambicioso e desafiador no Brasil: recuperar aeronaves antigas que possuam valor histórico indiscutível e possibilitar o seu retorno aos céus brasileiros.

Com iniciativa pioneira, buscamos fomentar a atividade aeronáutica nacional. Através da reconstrução de aeronaves, será possível resgatar a história dos céus de nosso País, seus heróis e suas façanhas. Mais além, despertar o interesse de crianças e jovens pela aviação e ajudar a criar uma nova geração de pessoas que contribuam para a valorização e difusão da história da Aviação Brasileira.

Para que este objetivo seja alcançado, a Associação ReVoar busca localizar, verificar e validar toda a documentação dessas aeronaves, bem como pesquisar sua relevância histórica. Após estas etapas, realizaremos a recuperação total destas máquinas icônicas que infelizmente se encontram esquecidas no fundo de hangares.

Por conta de seu valor histórico e relevância para a aviação brasileira, é impossível estabelecer um valor para essas aeronaves. A Associação ReVoar não pretende fazer apenas um processo de restauro simples. Os aviões serão todos reconstruídos a plena condição de vôo. Serão verificadas as partes estruturais, todo o sistema moto-propulsor e pintura, preservando o máximo possível as partes originais.

A cultura de restauração e manutenção de aeronaves consagradas é bastante comum nos Estados Unidos e Europa, onde o culto à história tem como o objetivo garantir às novas gerações, o contato direto com um passado vivo. Também é missão da ReVoar implantar essa mentalidade no Brasil. Ao invés de uma exposição estática, como um museu fixo, a ReVoar tem o objetivo de realizar exposições itinerantes, para que essas aeronaves possam se apresentar em shows e eventos pelo País. É importante que as pessoas possam ver os aviões de perto e, principalmente, vê-los voando.

 

Fundação Santos Dumont: a cessão de três aeronaves

A Fundação Santos Dumont, criada em 1956, detentora de um dos mais importantes acervos da história da aviação brasileira, foi a primeira a ceder a posse de três aeronaves à Associação ReVoar:  O T-6D -1390 (FAB 1390), o PT-19 3FG (0508) e o Muniz  M7 (PP-TEN).

O T-6D-1390 (FAB 1390) serviu à Força Aérea Brasileira por 34 anos. Foi utilizado em missões de treinamento, patrulha e demonstração aérea. Nesta última, efetuou cerca de 1270 apresentações em 23 anos de serviço ativo. O T-6D -1390 foi voado pelo Cel-Av Antônio Arthur BRAGA, recordista mundial em horas de voo em aviões T-6. O Coronel Braga foi o grande difusor da Esquadrilha da Fumaça e, com ela, realizou mais de 800 exibições em vários estados brasileiros (400 no 1390). Além disso, também fundou a ACRO Brasil – Associação Brasileira de Acrobacia Aérea em 1988.

O PT-19 modelo 3FG (0508) foi um dos primeiros treinadores da Academia da Força Aérea, no Campo dos Afonsos, RJ. Essa aeronave foi pilotada, em um vôo solo por Ozires Silva, fundador da Embraer em 1969 e líder da equipe que projetou e construiu o avião Bandeirante.

O MUNIZ M-7 (PP-TEN) foi a primeira aeronave construída em série no Brasil. Foi projetado pelo Major Antônio Guedes Muniz. O protótipo foi construído no Parque Central de Aeronáutica (Escola de Aeronáutica – Campo dos Afonsos) e os aparelhos seguintes foram construídos na Fábrica Brasileira de Aviões, na Ilha do Viana, RJ. Ao todo, foram produzidas 28 aeronaves entre 1937 e 1941.

 
REFERÊNCIAS:

https://webkits.hoop.la/topic/sobre-o-t-6-do-braga-no-musal

https://www2.fab.mil.br/musal/index.php/aeronaves-em-exposicao/55-avioes/338-muniz-m7

Ozires Silva